Quinta-feira, 28/ Março/ 2024
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Fugas de presos estão se tornando comuns no sul goiano e em todo Goiás

Fugas de presos estão se tornando comuns no sul goiano e em todo Goiás

Presos fogem com frequência, em Goiás. Morrinhos, Caldas Novas, Pontalina, Piracanjuba, Itumbiara, Joviânia, Edéia, Catalão. Veja detalhes de cada uma dessas cidades, em matérias abaixo.

É isso mesmo! Municípios aqui do sul goiano também registraram fugas nos últimos meses.

Entretanto, não é só no sul goiano, é em todo o estado. O número de fugas de presos em Goiás é assustador.

SOCIEDADE PRECISA SE ORGANIZAR E PARTICIPAR MAIS

Onde estão os membros atuantes da sociedade goiana? É sempre bem vinda e ajuda muito a participação de instituições tão conceituadas como a OAB, o Ministério Público, os direitos humanos, os deputados, os senadores, os clubes de serviço. Em fim, a sociedade precisa se articular melhor para cobrar medidas que realmente sejam efetivas, e não apenas o “faz de conta” que estamos assistindo nos últimos anos.

Muita propaganda nos faz acreditar que estamos seguros. Será que estamos?

NÚMERO DE FUGAS AUMENTA EM GOIÁS

O número de fugas aumenta em Goiás. Se fizer uma comparação com o ano passado, o aumento já se aproxima dos 60%, em 2015. Maio ainda não acabou e já foram registradas mais de 100 fugas em quase 50 ocorrências.

Em 2014, no mesmo período, próximo de 70 presos haviam fugido das cadeias goianas, em pouco mais de 40 registros da Superintendência de Administração Penitenciária do Estado de Goiás – SEAP

Em recente matéria da repórter Cristiane Lima, de O Popular, o Presidente da Associação dos Servidores do Sistema Prisional do Estado de Goiás – ASPEGO – Jorimar Bastos mostrou-se pessimista diante da situação.

Ele foi categórico ao afirmar para a colega jornalista: “A tendência é que tenhamos cada vez mais fugas. A estrutura que temos para o trabalho é precária, não há armamento adequado e falta treinamento.”

Jorimar critica também as condições de trabalho. “Somos pouco mais de 1.300 servidores ativos, trabalhando em quatro plantões para atender uma população carcerária que supera 14 mil.”

Na matéria de Cristiane Lima, Jorimar destaca ainda que encaminhou documento ao Ministério Público informando a situação. Em determinado momento deste ano, a categoria chegou a cogitar a possibilidade de parar suas atividades para chamar a atenção das autoridades.

Uma assembleia chegou a ser marcada para discutir uma possível greve. “Temos reclamado da falta de investimentos e de condições de trabalho há algum tempo e não encontramos respaldo. Não podemos ficar de braços cruzados. Lutamos por melhores condições de trabalho.” – diz o Presidente da Associação dos Servidores do Sistema Prisional do Estado de Goiás.

Ele informou que, com a divisão em plantões, cada servidor chega a ficar responsável por até 80 presos.

Na mesma matéria de Cristiane Lima, o promotor de justiça Haroldo Caetano acredita que esse seja um dos efeitos da superlotação. “O sistema prisional vive um colapso e o crescimento das fugas é apenas uma das consequências da ausência de políticas penitenciárias e de diretrizes para essa área em Goiás.”

OCORRÊNCIAS DE FUGA NO SUL GOIANO ESTÃO SE TORNANDO COMUNS

Nos últimos meses os municípios de nossa região, no sul de Goiás registraram fugas e ou tentativas de fuga, além de apreensões de celulares, drogas, (maconha, crack, cocaína), bebidas, chuchos (ou suchos) e até armas de fogo dentro dos presídios e ou cadeias públicas.

Em outras regiões de Goiás até festas, dentro dos presídios, com churrasco e música, foram denunciadas – caso, por exemplo, de Rio Verde.

Há menos de um ano, em 16 de junho de 2014, o Secretário de Estado da Segurança Pública, Edemundo Dias pediu exoneração do cargo, após matéria da TV Globo no Fantástico mostrar mesa de sinuca, aparelhos de som, TV, vídeo game e churrascos na CPP de Aparecida de Goiânia, a maior e mais segura unidade prisional de Goiás.

JOVIÂNIA – FUGA

Em Joviânia, no dia 03/02, três detentos fugiram da cadeia pública. Eles abriram um buraco no teto da cela, tiraram as telhas e fugiram.

CALDA NOVAS – FUGA

Em Caldas Novas, no dia 11/01, quatro presos fugiram do presídio local. A PM informou que eles conseguiram quebrar uma parede da unidade e depois pularam o muro.

No dia 24/01, nova fuga foi registrada no mesmo presídio, em Caldas Novas. Novamente 04 detentos conseguiram escapar. Eles saíram pelo quintal de uma casa vizinha ao presídio.

PONTALINA – FUGA

No dia 10/03, cinco detentos fugiram da Cadeia Pública, de Pontalina. Com barras de ferro, provavelmente arrancadas de uma cama, fizeram um buraco no muro aos fundos da cadeia que funciona num prédio muito antigo e de estrutura bastante frágil, em construção ainda de adobe, o que facilita as ações de fuga no local. Nos últimos anos as fugas têm sido constantes na cadeia de Pontalina.

PIRACANJUBA – FUGA

No meio da tarde de domingo, 10/05, ao menos sete detentos conseguiram fugir da unidade prisional de Piracanjuba. As informações divulgadas sobre o caso foram poucas, mas, ficou evidenciada a fragilidade do presídio que é administrado pela SAPEJUS via Superintendência de Administração Penitenciária do Estado de Goiás.

ITUMBIARA – FUGA

No dia 12/04, sete internos, do complexo prisional de SARANDI, em Itumbiara fugiram daquela unidade. A polícia informou que eles aproveitaram o dia de visita para escapar.

Um mês depois, no final da manhã do dia 11/05, nova ação de fuga no mesmo presídio de SARANDI, quando 18 detentos conseguiram escapar. Eles conseguiram render 4 agentes penitenciários e tiraram deles algumas armas de fogo.

MORRINHOS – FUGA

Na noite de sexta-feira, 22/05, em ação ousada, 23 detentos renderam os agentes carcerários e fugiram do local. Eles teriam armas de fogo dentro do presídio, com as quais conseguiram render os agentes e tomar deles outros dois revólveres calibre 38. Na mesma noite 4 foram recapturados. No dia seguinte mais um em Rio Quente e dois dias depois, outro em Buriti Alegre, perfazendo um total de 6 recapturados, entre os 23 fugitivos.

APARECIDA DE GOIÂNIA – FUGA

Dezesseis detentos fugiram da Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia, na madrugada do dia 15/04. Segundo a Superintendência de Administração Penitenciária, os presos furaram uma parede com ferramentas improvisadas e saíram por uma área com mato alto fora do presídio.

A Superintendência afastou quatro servidores da CPP por possível envolvimento na fuga. Segundo a SEAP, o cruzamento de dados colhidos por depoimentos e diligências mostrou a necessidade de instauração de Processo Administrativo Disciplinar por possível envolvimento dos servidores.

A SEAP informou também que está prevista a ativação completa de novos bloqueadores de celular e quatro scanners na unidade prisional.

PLANALTINA DE GOIÁS – FUGA

Uma fuga na delegacia de Planaltina de Goiás aconteceu na madrugada do dia 5/5, quando 28 detentos estavam na unidade que comporta apenas quatro presos.

Segundo o delegado Cristiomário Medeiros, a estrutura precária da delegacia contribuiu para a fuga. “Eles foram puxando as grades para dentro e conseguiram retirá-la porque o muro onde ela estava concretada está muito desgastado. Depois, fizeram uma corda com lençóis e escalaram o muro” – informou o delegado ao G1/GO.

O delegado Medeiros disse ainda que essa foi a terceira fuga de presos em menos de dois meses: a primeira ocorreu em 23 de março e a outra, no dia 6 de abril.

No início do ano, a Justiça determinou no dia 20/01, a soltura de seis detentos da delegacia de Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal. O delegado titular à época, Cristiomário Medeiros, pediu ao Poder Judiciário uma solução para a superlotação do local. A delegacia tem capacidade para quatro presos, mas era ocupada por 24.

Os detentos que ganharam liberdade pela decisão do juiz Alano Cardoso e Castro estavam presos por flagrantes em diferentes crimes: dois deles com base na Lei Maria da Penha, três por porte ilegal de arma de fogo e outro por furto.

RIO VERDE – FUGA

No início de dezembro de 2014, uma foto divulgada em redes sociais mostrou detentos da Casa de Prisão Provisória de Rio Verde, no sudoeste de Goiás, promovendo uma festa dentro da cela. Os detentos exibem garrafas de uísque e cigarros.

Após tomar ciência das fotos, a administração do presídio fez uma vistoria no local, quando foram apreendidos celulares, vídeo games, DVDs e até churrasqueira.

Segundo o gerente regional da Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça, Régis Paschoal, três agentes penitenciários foram afastados até que a administração do presídio encerre as investigações sobre o caso.

O presídio tenta implantar um sistema que bloqueie o sinal de celular, mas ainda não há previsão de funcionamento.

Também no ano passado, em 9 de agosto, 13 presos fugiram da unidade prisional em Rio Verde. Em um vídeo feito por celular os presos mostram o buraco por onde fugiram. O túnel ligava a cela até a horta do presídio.

JATAÍ – FUGA

No dia 05/02, no presídio de Jataí, no sudoeste de Goiás, seis detentos fugiram. Eles abriram um buraco no banheiro de uma das celas, que dá acesso à obra de ampliação do presídio. Com uma barra de ferro, eles quebraram o cadeado e fugiram por um dos portões localizados na frente da cadeia.

O diretor do presídio, Luiz da Costa Souza, informou que os vigilantes penitenciários impediram que mais presos fugissem. Os plantonistas teriam disparado tiros pra cima e com isso evitaram que outros seis conseguissem fugir.

No dia da fuga o presídio de Jataí que tem capacidade para 55 internos estava superlotado, com 282 detentos.

Obra de ampliação foi iniciada em julho do ano passado com previsão de ser concluída em dezembro. No entanto, as obras pararam e devem ser finalizadas neste semestre.

PORANGATU – FUGA

No domingo, 12/04, sete detentos fugiram da unidade prisional de Porangatu, no norte de Goiás. A Polícia informou que eles cavaram um buraco na cela e depois pularam o muro da cadeia. Um dos internos foi recapturado no mesmo dia.

ANICUNS – FUGA E MORTE DE VIGILANTE

Um preso da Unidade Prisional de Anicuns, no oeste de Goiás, matou um vigilante e baleou outro na madrugada de natal, dia 25/12/2014. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Justiça, ele serrou as grades da cela onde estava, rendeu os dois agentes, tomou a arma de um deles e fugiu. Durante a fuga, o criminoso disparou contra as vítimas.  Um dos tiros atingiu a cabeça do vigilante, que morreu no local. O outro vigilante foi ferido por dois tiros e encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiânia.

JUÍZA ENFRENTA A SUPERLOTAÇÃO NA CPP

A juíza Telma Aparecida Alves, da 1ª Vara de Execução Penal e Corregedoria de Presídios de Goiânia resolveu determinar a proibição da entrada de novos presos na Casa de Prisão Provisória, em Aparecida de Goiânia.

Segundo ela, o motivo da decisão é a superlotação da unidade, que tem capacidade para comportar até 1.460 detentos, mas, até meados de maio estava com 2.280.

A magistrada explicou que no final de 2013 liberou a cadeia para receber um número adicional de presos, pois as celas das delegacias também se encontravam superlotadas.

Além de determinar a suspensão do recebimento de novos presos, a juíza vai sugerir como opção à Corregedoria Geral de Justiça que reeducandos que cometeram crimes de menor potencial, como furtos e estelionato, sejam liberados para cumprir a pena em regime aberto com monitoramento por tornozeleiras eletrônicas.

EM GOIÁS HÁ MAIS SUSPEITOS SOLTOS QUE PRESOS – Matéria de Eduardo Pinheiro de O Popular

Belíssima matéria de Eduardo Pinheiro de O Popular mostra que em Goiás, o número de foragidos da Justiça é quase duas vezes maior que o de detentos no estado.

Segundo a matéria de Eduardo Pinheiro, sete anos seria o tempo necessário para a Delegacia Estadual de Capturas cumprir todos os mandados de prisão em aberto que possui.

De acordo com o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça são 25 mil mandados em aberto em Goiás, dos quais a grande maioria é responsabilidade da delegacia (23,5 mil) – que conta com a ajuda das Polícias Militar, Rodoviária Federal, Rodoviária Estadual e da Guarda Civil Metropolitana. O restante é responsabilidade da Polícia Federal.

O número de foragidos da Justiça é quase duas vezes maior que o de pessoas detidas no sistema prisional de Goiás – revela o jornalista Eduardo Pinheiro:

A polícia consegue cumprir apenas uma média de 250 mandados de prisão por mês – algo em torno de 1% do número total.

No último mês de abril foram cumpridos 261 mandados; e em março, os policiais deram cumprimento a 285 mandados de prisão. Número ínfimo, quando comparado com o universo total.

Do total de mandados por cumprir, a maioria se encontra nas cidades com maior número populacional. Goiânia tem 7593 mandados de prisão a cumprir.

Enquanto a segunda maior cidade do Estado, Aparecida de Goiânia, tem 1197, e Anápolis com 869. Lógica que é subvertida pelas cidades do Entorno do Distrito Federal.

Formosa, que aparece em quarto, com 738 mandados em aberto, é a nona maior cidade do Estado. Luziânia com menos habitantes aparece na frente de Rio Verde, com 583 e 577 mandados a cumprir, respectivamente.

Os grandes empecilhos encontrados para desfazer o acúmulo são a falta de estrutura, o efetivo reduzido, o corte de gastos, em alguns casos, e a precariedade do sistema de inteligência, para localizar e capturar foragidos da Justiça.

Abaixo arte publicada em O Popular On Line

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EFETIVO POLICIAL

O efetivo atual da Policia Civil gira em torno de 3 mil agentes. No último concurso realizado no Estado, no final de 2013, foram convocados para o curso de formação 120 delegados, 379 agentes e 330 escrivães de polícia.

Ainda assim, segundo o Sindicato dos Policiais Civis – SINPOL, a instituição sofre com a falta de policiais e funcionários. O número considerado ideal pelo sindicato é de 6 mil policiais.

O presidente do SINPOL, Paulo Sérgio Alves, aponta a falta de efetivo como principal problema para o cumprimento do alto número de mandados de prisão.

Segundo ele, o número de agentes e policiais trabalhando atualmente é insuficiente. Além disso, esse efetivo reduzido ainda provoca desvios de função.

“Presos capturados, em muitos casos, ficam nas delegacias, que acabam virando presídios improvisados. Quem faz a vigilância desses presos são os agentes, que não tem essa função”, diz.

Por outro lado, o delegado titular da DECAP, Marco Antônio Martins, afirma que o efetivo policial na delegacia é suficiente. Trabalha com quatro equipes para tentar suprir a demanda sempre crescente de mandados.

Segundo ele, a grande dificuldade é que a investigação para localização dos suspeitos demanda tempo. Embora localizada em Goiânia, a Decap cobre todo o Estado. Assim, é preciso quase sempre recorrer à ajuda das delegacias do interior, por exemplo.

FALTA DE VAGAS

Quando se avalia o número de vagas no Sistema Prisional, a situação se complica ainda mais.

Goiás possui 13.004 detentos, lotados em pouco mais das 7.400 vagas, constatadas pelo Mutirão Carcerário, realizado pelo CNJ no primeiro semestre do ano passado.

O CNJ avalia que o Estado possui um déficit de pelo menos 5 mil vagas nos presídios do Estado. Ainda assim, se todos os mandados em aberto fossem cumpridos, o número saltaria para 38.004 detentos.

Informação repassada pela Superintendência Executiva de Administração Penitenciária mostra que em 2014 foram abertas 648 novas vagas.

A intenção é que outras 1374 vagas sejam abertas no sistema prisional goiano até dezembro de 2015. O Estado pretende chegar a 3.600 novas vagas em 2016.

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás e o Ministério Público do Estado de Goiás não quiseram se manifestar sobre o assunto, informando que é algo que cabe à Polícia Civil.

O diretor-geral da Polícia Civil de Goiás, João Gorsky, foi procurado por dois dias pela reportagem, por meio de seu secretário, mas não retornou aos telefonemas e pedidos de entrevista de Eduardo Pinheiro.

A Polícia Federal em Goiás também não retornou aos pedidos de informação feitos pelo jornalista de O POPULAR.

Aliás, belíssima matéria de Eduardo Pinheiro. 

“Teríamos que dobrar o efetivo para dar conta de todos os mandados. Mas se dobrássemos e cumpríssemos todos eles, o que faríamos com esses presos?”
disse Paulo Sérgio Alves, presidente do Sindicato dos Policiais Civis – SINPOL.

As matérias acima tem redação de Leonardo Costa, com as seguintes fontes e ou reproduções: O Popular, TV Anhanguera, G1/GO, Polícia Militar, Polícia Civil, SEAP, SAPEJUS e reprodução de matérias da jornalista Cristiane Lima e do jornalista Eduardo Pinheiro de O Popular.

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